sexta-feira, 27 de abril de 2012

Biografia de Sylvia Orthof

Sylvia Orthof nasceu no Rio de Janeiro, em 1932, filha de um casal de judeus austríacos que deixou Viena entre as duas guerras, para buscar paz e trabalho. Filha única de imigrantes pobres, teve uma infância difícil. Aprendeu a falar primeiro alemão e falava português com sotaque e errado até a idade escolar. Aos 18 anos, foi estudar teatro em Paris. Um ano depois, voltou ao Brasil e trabalhou como atriz no Teatro Brasileiro de Comédias, em São Paulo (o TBC), e, no Rio, atuou com grandes nomes do teatro e da TV. Escritora muito amada, com a sua irreverência poética inesquecível, publicou mais de 100 livros para crianças e jovens e teve 13 títulos premiados pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil com o selo Altamente Recomendável para Crianças. Sylvia morreu em 1997, mas até hoje exerce grande influência sobre um grande número de autores infantis.

Entrar numa história de Sylvia Orthof é encher os olhos de susto, mas não um susto de tremer perna ou bater queixo. O susto que as histórias de Sylvia dão na gente são carregados de perplexidade, arregalam a gente por dentro, dão largura no pensamento.

Ganhadora do Prêmio Jabuti, por A Vaca Mimosa e a Mosca Zenilda (1997), Sylvia teve vários trabalhos adaptados para o teatro e quebrou tudo quanto é estereótipo na literatura infantil brasileira, com o seu texto desobediente, esmerado, abusado, feito de riso, provocação e arrepio. Afinal, a criatividade de Sylvia Orthof jamais coube em rótulos. Como ela mesma já disse, as histórias clássicas da literatura infantil sempre tiveram um ponto de vista muito machista. “Ninguém pergunta à Cinderela se ela quer casar com o príncipe. Cinderela casa com o príncipe porque ele tem dinheiro e poder. Ela se prostitui”, disse a autora. Mas, ao mesmo tempo, a autora defendia a leitura dos contos tradicionais, desde que houvesse uma reflexão. “Se Chapeuzinho Vermelho tem tanta força até hoje, é porque tem o seu valor. Só precisamos tomar cuidado para não apresentarmos essas histórias com uma mensagem moralista. Vamos discutir um pouco. Por que não podemos sair do caminho e procurar um atalho na vida? Será que em todo lugar há um lobo? E será que devemos ter tanto medo dos lobos?”, questionava.

Além de questionar velhos conceitos, Sylvia Orthof sempre vivia do modo como escrevia: espalhando encantamento por onde passava. Autora de um dos maiores clássicos da literatura infantil brasileira, Uxa, Ora Fada, Ora Bruxa (1985), que mostra, com estilo único, os dois lados de todos nós, Sylvia era apaixonada por jardins e flores. Aliás, a sua favorita era a Maria sem Vergonha. “Gosto muito dessa flor. Lá em casa, temos uma escada, no jardim. E as flores não quiseram nascer no canteiro. Não foram exatamente as marias, mas também são sem vergonha. Elas nasceram por entre as pedras do muro. Sempre assim. Nascem nos lugares mais impossíveis. Aí um rapaz queria cortá-las das pedras, mas eu reagi: - Não faça isso. Elas lutaram tanto por esse lugar”, disse Sylvia, numa entrevista. E acrescentou: “O jardim é uma coisa que precisa de atenção, como os livros. Mas não gosto daqueles jardins muito cuidados. Podados demais. As plantas, como as histórias, têm direito de espreguiçar onde quiserem”. E as histórias da Sylvia continuam espreguiçando, ou melhor, continuam despertando leitores de toda idade.

Para ler mais sobre Sylvia Orthof, entre na Revista Doce de Letras - Arquivos Fora do Ar, clique no Especial Sylvia Orthof, e, em seguida, 'listar este conteúdo'. Não perca o texto A HERANÇA, de Claudia Orthof, filha de Sylvia.

“Sylvia Orthof não fez faculdade de letras e nem foi professora. Sua raiz profissional está fincada no teatro e na televisão, o que trouxe para sua literatura um forte poder de comunicabilidade. Sylvia pensava criança. E uma criança impossível. Com um invejável senso de humor, conseguia falar tanto na ambigüidade de sentimentos que a criança nutre pela mãe (Uxa, Ora Fada, Ora Bruxa), quanto compor hilariantes histórias a respeito do amor dos humanos pelos bichos (Os Bichos Que Eu Tive)”.

Rosa Amanda Strausz, escritora


OBRAS

Infantil & Juvenil

Agir- Vovó Viaja e Não Sai de Casa – 1994

Ática- Tumebune, o Vaga-lume – 1995
- A Vaca Mimosa e a Mosca Zenilda – 1997
- Fada Cisco Quase Nada – 1997
- Avoada, a Sereia Voadora – 1997
- Pomba Colomba – 1998
- Maria Vai com as Outras – 1998
- A Limpeza de Teresa – 1998
- A Fraca Fracola Madame D’Angola – 1998
- As Visitas de Dona Zefa – 1998
- João Feijão – 1999

Atual- A Poesia é uma Pulga – 1991
- Livro Aberto – 1996
- Quem Roubou Meu Futuro? – 2004
- Guardachuvando Doideiras – 2005

Braga- Tem Minhoca no Caminho – 1995
- Canarinho, Cachorrão e a Tijela de Ração – 1996
- Mas que Bicho Lagarticho – 1996
- História Enroscada – 1997
- História Vira-lata – 1997
- História Avacalhada– 1997
- História Engatada – 1997

Ediouro- Que Raio de História – 1994
- Mais-que-perfeita Adolescente – 1994
- Manual de Boas Maneiras das Fadas – 1995
- Fada Fofa em Paris – 1995
- Adolescente Poesia – 1996
- O Livro Que Ninguém Vai ler – 1997
- Fada Fofa e os Sete Anjinhos – 1997
- Fada Fofa e a Onça Fada – 1998

Ftd- Uma Velha e Três Chapéus – 1986
- Jogando Conversa Fora – 1986
- A Gema do Ovo da Ema – 1988
- Ave Alegria! – 1989
- São Francisco Bem Te Vi – 1993
- Meus Vários Quinze Anos – 1995
- Tem Cachorro no Salame – 1996
- Tem Cavalo no Chilique – 1996
- Tem Graças no Botticelli – 1996
- O Cavalo Transparente – 1998
- O Sapato que Miava – 1998
- A Fada Sempre-viva e a Galinha-fada – 2000

Formato- Foi o Ovo? Uma Ova! – 1990
- Galo Galo Não Me Calo – 1992
- Ovos Nevados – 1997

Global- Histórias Curtas e Birutas – 1997
- Ciranda de Anel e Céu – 1997
- A Décima Terceira Mordida – 1997
- Rei Preto de Ouro Preto – 2003
- Rabiscos e Rabanetes – 2005
- Um Pipi Choveu Aqui – 2005

- A Velhota Cambalhota – 1985
- Bóia Bóia Lambisgóia – 1995

Ao Livro Técnico
- Dona Noite Doidona – 1991
- Pé de Pato – 1991
- Dumonzito – 1991

Moderna- A Viagem de um Barquinho – 2002

Nova Fronteira
- No Fundo do Fundo-fundo, Lá Vai o Tatu Raimundo – 1984
- Se as Coisas Fossem Mães – 1984
- Uxa, Ora Fada, Ora Bruxa – 1985
- Se a Memória Não Me Falha – 1987
- Nana Pestana – 1987
- Luana Adolescente, Lua Crescente – 1989
- Zoiúdo, o Monstrinho que Bebia Colírio – 1990
- Chora Não! – 1991
- Zé Vagão da Roda Fina e Sua Mãe Leopoldina – 1997
- Currupaco Coisa e Tal, Quero Ir para Portugal – 2002
- A Bruxa Fofim – 2002

Objetiva- Contos de Estimação: mudanças no galinheiro, mudam as coisas por inteiro – 2003,
- Eu Chovo, Tu Choves, Ele Chove... – 2003

Paulinas- Papai Bach Família e Fraldas – 1997
- Tia Carlota Tricota – 1998
- Tia Libória Contando História – 1998
- Tia Januária é Veterinária – 1998
- Tia Anacleta e Sua Dieta – 1998
- Quincas Plim, Foi Assim – 1998
- Cadê a Peruca do Mozart? – 1998
- Bagunça Total na Cidade Imperial – 1998
- Moqueca, a Vaca – 1999
- Vovô Bastião Vai Comendo Feijão: pequenas orações para sorrir – 2000
- Dragonice Diz que Disse – 2004

Paulus- Doce Doce Quem Comeu Regalou-se – 1987

Quinteto- Duas Histórias de Pernafina – 1985
- Sou Miloquinha, a Duende – 1988
- Malaquias – 1995
- Cordel Adolescente, ó Xente! – 1998

Record- Papos de Anjo – 1987
- As Casas Que Fugiram de Casa – 2002
- Pererê na Pororoca – 2002
- As Malandragens de um Urubu – 2002

Salamandra- As Aventuras da Família Repinica em Busca do Tesouro - 1984
- Sonhando Santos Dumont – 1997
- Os Bichos Que Tive – 2004

Scipione- O Inspetor Geral (adaptação) – 1997

SM Edições
- A Fada Lá de Pasárgada e Cabidelim, o Doce Monstrinho – 2004

Vertente
- Você Viu? Você Ouviu? – 2004





Fonte http://www.bmsr.com.br/autores/detalhe_autor.asp?cod=Sylvia%20ORTHOF